sábado, 2 de outubro de 2010

As empresas devem ter em mente que o tempo tecnológico é curto

Colapso e estabilidade


As empresas devem ter em mente que o tempo tecnológico é curto



Por Jack London*

Todas as gerações que povoaram e povoam hoje a Terra acalentam uma eterna ilusão: a ideia da estabilidade, a ideia de que o que existe é perene e que uma vida ou uma época são realidades constantes.

No entanto, um país, uma cidade, qualquer aglomerado humano tem em sua base um processo de conhecimento, uma maneira de educar, aprender, transmitir conceitos, valores e emoções, que muda muitas vezes ao longo de uma vida.

Todas as maneiras de ser, sem exceção, são resultado de um processo que se sobrepõe à consciência ou aos atos da razão.

Ou seja, antes do Cotidiano, há os Processos de Conhecimento, há formas de aprender o mundo, ou mais claramente, tecnologias de aprendizado, expressão e formação do ser.

Os atuais trabalhadores regulares na sociedade da informação do início do século 21, aqueles que já nasceram no universo digital, agem com relação a suas vidas exatamente da mesma maneira que seus pais e avós agiam: com a certeza de que o que hoje sabem e fazem será sempre o padrão de suas vidas.

Que tal se perguntar o que fazíamos há cinco anos, sem o Facebook e o Twitter? Como conseguíamos viver sem as redes sociais? O que fazíamos para acessar conceitos e conhecimentos antes do Google?

Há quinze anos, nenhum desses sites e ferramentas existiam e, seguindo a lógica do colapso abrupto de hábitos e sistemas tecnológicos, provavelmente não existirão dentro de mais quinze. Não chore, não se desespere, apenas reflita.

Estruturas empresariais e modelos de negócios devem ter sempre em mente a ideia de que o tempo tecnológico é curto, e tudo em que confiamos hoje será em breve lixo.

Internet.2? Nada perto da Internet Semântica. Web? Nada perto de peer to peer, vídeos e outros formatos de transmissão de dados e voz. Impressoras a laser? Nada perto das impressoras em 3D. 100 megas de banda larga? Nada perto da Internet Quântica. PCs e Notebooks? Esqueça, pense celular e tablets.

A distância entre o hype e o nada é uma pequena marcação fora do espaço chamada tempo.

O longo caminho da humanidade sobre a Terra já consome quase 5 milhões de anos. A história conhecida, com o registro de relatos, vai da Babilônia e do Egito Antigo aos dias de hoje, aos saltos e colapsos. É uma história de analfabetos, ágrafos e seres que viveram sem utilizar o que chamamos hoje de informação registrada. Se quisermos ser mais dramáticos, a história do homem é a história de milhões de anos de comunicação apenas verbal e 6.000 anos de conhecimento registrado.

Um dia, você dorme se achando Steve Jobs e no dia seguinte acorda Nabucodonosor.

A tecnologia é como todos os processos humanos, autofágica e inesperada. Tempos fugit, como diziam os romanos, ou se você quiser, numa versão mais moderna, “já era”.

* Jack London fundou a Booknet, primeiro negócio virtual que ganhou fama no Brasil, e a Tix, empresa de comercialização de ingressos on-line. Agora, investe no cinema digital com a Multicine

Para falar com Jack London e sugerir temas para suas colunas, mande e-mail para jlondon@ism.com.br e coloque Coluna PEGN no campo assunto

fonte: Revista PEQUENAS EMPRESAS, GRANDES NEGÓCIOS.



As Leis da Família

As leis da família


Quando deixou a prisão, tudo o que Dave Dahl queria era uma nova chance. Mas ele conquistou mais: levantou a empresa do irmão e criou uma marca de sucesso

por Bill Donahue


PORTAS ABERTAS
Glenn Dahl sempre colocou a família acima de tudo: por isso, não hesitou em dar várias chances ao irmão

Para Glenn Dahl, nada é mais importante do que a família. Foi por isso que, em 1989, ele decidiu dar uma nova chance ao irmão mais novo, Dave, e permitir que ele trabalhasse na sua padaria — a NatureBake, com sede em Portland, Oregon. Aos 26 anos, Dave era viciado em meta-anfetaminas e já tinha uma longa história no crime. Mesmo assim, Glenn deu sinal verde para que ele ajudasse na produção do pão orgânico da casa. A NatureBake estava na família desde 1955 — alguns anos antes, Glenn havia comprado o negócio do pai, James Dahl.

A boa vontade de Glenn não durou mais do que uma semana: depois que o irmão apareceu na padaria drogado e armou uma briga com um cliente, ele decidiu mandá-lo embora. Furioso, Dave decidiu se vingar: arrombou a casa de Glenn e roubou uma pistola. “Forcei uma cômoda e um armário que estavam trancados”, conta. “Queria que ele soubesse que era eu quem tinha invadido sua casa.” Glenn soube imediatamente. Afinal, havia anos que lidava com o irmão problemático — desde os tempos em que ele ainda era um adolescente retraído e cheio de acne. Naquela época, Glenn chegou a abrigá-lo em sua casa, e foi o primeiro a socorrê-lo quando Dave tentou se matar, esvaziando o armário de remédios. Glenn o amparou, levou-o ao médico e o admitiu ao trabalho no dia seguinte.

Os esforços de Glenn para ajudar o irmão foram em vão. Nos anos 90, Dave voltaria a se envolver com o tráfico de drogas — no total, ele seria condenado seis vezes, por assalto, fuga da prisão, tráfico de substância proibida e roubo à mão armada. Em seus piores dias, ele costumava guardar uma espingarda dentro de sua capa de chuva e esconder meta-anfetaminas embaixo do capô do carro. Nas fotos dos arquivos policiais, ele parece ameaçador. Ao vivo, a sensação é ainda mais forte: Dave é um sujeito grande, musculoso, com 1,80 m de altura e olhar penetrante. Até mesmo seu irmão mais velho admite que ele é “uma pessoa extremamente impositiva. Quando ele fica irritado, pode ser assustador”.


VIDA BANDIDA
Depois de um passado marginal, Dave Dahl deu a volta por cima e virou celebridade

2004 seria um ano especialmente difícil para o empresário. Mais uma vez, seu irmão saía da prisão. E mais uma vez ele enfrentava o doloroso dilema: colocar sua empresa em risco, ou fechar as portas para alguém com quem tinha laços de sangue? Mais uma vez, ele cedeu ao instinto fraternal. Em dezembro daquele ano, quando o irmão saiu da cadeia, Glenn o apanhou na estação rodoviária em Portland, levou-o para casa e confirmou que ele tinha um lugar na empresa. Ele jamais poderia imaginar o que iria acontecer: quatro anos e meio depois, Dave Dahl se transformaria na força motriz por trás de uma marca de sucesso, além de virar uma espécie de celebridade local.

Orgânico e sem ingredientes geneticamente modificados, o Dave’s Killer Bread (numa tradução literal, o “pão matador de Dave”) é hoje uma marca vencedora. O pão é vendido por cerca de US$ 5. Existem 14 variedades, entre elas o Blues Bread, que é rico em milho; o Good Seed, crocante, com sementes de linhaça e girassol; e o longo e fino Peace Bomb. Há, na embalagem, uma caricatura de Dave com cabelos compridos, tocando sua guitarra elétrica, e um texto confessional em que ele conta que encontrou a paz depois de “longos e solitários” anos na prisão. Diz ainda que se curou do vício “tocando violão, me exercitando e me conhecendo melhor, longe das drogas. O sofrimento transformou um ex-condenado em um homem honesto, que faz o possível para tornar o mundo um lugar melhor... um pão de cada vez.”

VIDA SEM RUMO APOSTA

Em 1989, Glenn Dahl permitiu que o irmão Dave, recém-saído da prisão, trabalhasse na padaria da família. Aos 26 anos, Dave era viciado em drogas e costumava andar armado. Na padaria, sua função seria auxiliar na produção de pão orgânico

PREJUÍZO

Uma semana depois, Dave, drogado, armou uma briga com um cliente. Irritado, Glenn o mandou embora. Só não esperava pela vingança do irmão marginal, que arrombou a porta da sua casa e roubou uma pistola

fonte: Revista PEQUENAS EMPRESAS, GRANDES NEGÓCIOS.