sexta-feira, 14 de maio de 2010

Câmara pode concluir hoje votação do Ficha Limpa Plenário retoma nesta semana votação dos destaque.


A proposta (PL 168/93 Complementar, na Câmara), aprovada nesta terça-feira (11) pela Câmara dos Deputados, impede a candidatura de políticos condenados pela justiça em decisão colegiada por crimes de maior gravidade, como corrupção, abuso de poder econômico, homicídio e tráfico de drogas. Também amplia os casos de inelegibilidade e unifica em oito anos o período durante o qual o candidato poderá ficar sem poder se candidatar. Atualmente, a inelegibilidade é aplicada somente para condenações já transitadas em julgado, e os prazos variam de 3 a 8 anos.
Em entrevista à Agência Senado nesta quinta, Demóstenes disse que não vai fazer qualquer alteração no projeto de iniciativa popular.
- Como não haverá prazo para apresentação de emendas na CCJ, mas somente na votação em Plenário, o projeto está em perfeitas condições de ser votado e aprovado na próxima quarta - afirma Demóstenes.
No entanto, o presidente da CCJ esclarece que, regimentalmente, poderá haver pedido de vistas ou mesmo de audiência pública para instruir a proposta, e não duvida desta possibilidade.
- Muitos vão tentar barrar esse projeto, mas ele é prioridade do partido e da Casa. Aqueles que tentarem se opor a ele vão usar o regimento para isso. Mas acredito que esse projeto tem grandes chances de ser aprovado, porque há pressão popular para isso - afirmou o senador pelo DEM.
Eleições
Na opinião de Demóstenes, as novas regras, caso o projeto seja aprovado, poderão vigorar já nas eleições de outubro, impedindo a candidatura de pessoas com problemas na Justiça. Para o senador, não deverá haver problemas com o princípio da anualidade, segundo o qual normas eleitorais só passam a vigorar um ano depois de aprovadas.
- O princípio da anualidade está previsto na Lei Eleitoral, mas o Ficha Limpa altera a Lei das Inelegibilidades e é um projeto de lei complementar, previsto no parágrafo 9º do artigo 14 da Constituição Federal - explicou o presidente da CCJ.
O dispositivo mencionado por Demóstenes prevê que "Lei Complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para o exercício do mandato, e considerada a vida pregressa do candidato e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício da função, cargo ou emprego na administração direta e indireta".
O projeto ainda será apreciado em Plenário, em turno único. Se for aprovado sem alterações, seguirá para sanção presidencial. Sofrendo modificação de mérito no Senado, retorna à Câmara para nova votação.
Fonte: Agência Senado

sábado, 1 de maio de 2010

A CONSULTORIA E A TREPADEIRA. Fonte: www.institutomvc.com.br

A CONSULTORIA E A TREPADEIRA
 
 
 
 
 
 
 


 


JB Vilhena
Presidente do MVC
Autor do Manual das Universidades Corporativas
Coordenador dos programas de Gestão Comercial da FGV
 
 
INSPIRAÇÕES ORIUNDAS DE UMA TREPADEIRA
 
 
Tenho duas grandes paixões na vida. Flores e música (na verdade estou quase pronto para aumentar a lista, colocando “andar de moto pelas estradas secundárias de Minas Gerais” como uma terceira).
 
Recentemente uma experiência com plantas me permitiu uma curiosa analogia com o mundo das consultorias. Esse é o tema que quero comentar com você.
 
Em fevereiro finalmente terminei a reforma da casa em que moro, localizada em uma pequena cidade do centro-sul mineiro, chamada Oliveira. O projeto da arquiteta, que ficou uma “gracinha”, previa a plantação de uma “trepadeira” na garagem, visando criar ali uma espécie de parede verde.
 
Já de cara eu quis subverter a ideia, pensando em substituir a trepadeira por um conjunto de vasos com samambaias. Felizmente tive o bom senso de conversar com uma especialista no assunto, que me explicou que as samambaias jamais resistiriam ao sol e vento a que estariam expostas.
 
Como o argumento era convincente, perguntei que tipo de trepadeira ela me aconselhava a plantar. Abrindo um lindo livro sobre esse tipo de plantas, minha consultora mostrou-me uma, com belas florezinhas amarelas. Explicou que a tal planta - chamada popularmente de “Tamanco de Judia” - era muito resistente as condições que estaria exposta e se ofereceu para encomendar uma muda, cuidar dela enquanto fosse pequena – plantando-a em um vaso apropriado – e depois colocá-la no lugar ideal para seu desenvolvimento. Também sugeriu que eu colocasse uma espécie de tela onde a planta deveria crescer. Isso facilitaria o processo de construção da tal parede verde.
 
Acatei todas as recomendações e contratei o serviço da especialista.
 
Cerca de cinco semanas depois, ela apareceu com um vaso bastante grande, no qual sobressaía uma pequena folhagem, que parecia ter sido visitada por alguma lagarta faminta. Ivone explicou que as folhas não haviam sido “comidas”. Apenas haviam sofrido um pouco pelo fato de serem poucas e estarem plantadas em um vaso bastante adubado.
 
Hoje o pequeno ramo cresceu, já envolveu toda a tela e começa a pender para o chão. Creio que em mais três meses terei a parede que desejava.
 
E o que esta história tem a ver com o mundo das consultorias?
 
Em primeiro lugar, é muito comum que face ao conselho do especialista, nós achemos que temos uma ideia melhor sobre o assunto. Foi isso que aconteceu quando eu inicialmente pensei em substituir a trepadeira por samambaias, disposto a ignorar o conselho da arquiteta.
 
Quantas e quantas vezes uma organização despreza o conselho do especialista que ela mesma contratou?
 
Recentemente passamos por isso junto a um grande cliente. A empresa estava se preparando para um projeto que poderia revolucionar sua forma de vender. Fomos contratados para ajudá-la nesse esforço. Nossa primeira recomendação era alicerçar a mudança sobre três pilares: detalhamento da estratégia, aquisição de sistemas que pudessem suportar as novas ações e permitisse um melhor controle de seus resultados, capacitação dos envolvidos.
 
Nós defendíamos a tese que era preciso ter o detalhamento preciso de tudo que seria necessário fazer, para depois colocar a mão na massa. Mas os executivos da companhia estavam muito preocupados em evidenciar sua política de “hands on”. Em função disso acharam que a definição do software e sua implantação deveriam ser feitas antes. Discordamos da decisão demonstrando que se tratava, literalmente, de colocar o carro na frente dos bois. Não fomos ouvidos. Resultado? Assustados com o tamanho do investimento na compra de um possante software de CRM (que nem sabiam se seria o mais indicado) o board da organização decidiu adiar “sine die” todo o projeto.
 
Também é comum que acreditemos ser convincente o ponto de vista de um especialista, mas, para economizar, decidamos “usar a prata da casa” para por as coisas para andar.  Eu teria feito algo semelhante se decidisse comprar a muda, plantá-la e depois tentar fazer com que crescesse.
 
Fico muito triste ao ver que, muitas vezes, ideias que tinham tudo para dar certo literalmente “vão pelo ralo” por conta de economias inexpressivas.
 
Nas minhas reflexões lembrei-me de um cliente que cerca de dois anos atrás quis conhecer nossa metodologia de certificação para profissionais da área comercial. Apresentamos a ele o projeto que havíamos desenvolvido para a Telefônica Empresas e que hoje foi institucionalizado para praticamente todas as áreas da companhia. Tivemos mais algumas reuniões para explicar o “modus operandi” para diversos membros da diretoria, que não demoraram muito a afirmar que ali estava algo que eles vinham procurando fazia muito tempo.
 
Passadas algumas semanas, nosso querido amigo nos disse que a diretoria aprovara o projeto, mas decidira que ele deveria ser integralmente desenvolvido e implementado com recursos internos. Tentamos fazer ver que nossa expertise evitaria erros desnecessários e consequente retrabalho. Também lembramos que o desenvolvimento de um projeto desse tipo demanda disponibilidade de mão de obra, que eles não pareciam ter. Deixamos claro que nossa filosofia era de transferência de know-how, o que permitiria que a companhia fizesse como hoje faz a Telefônica, que mantém o projeto sem precisar mais de nós. Ele disse que concordava, compreendia, mas nada podia fazer. Faz cerca de um ano que o projeto não anda, mas seguramente foi gasto em sua festa de lançamento mais do que custariam os nossos serviços.
 
Terminando minhas reflexões, fico pensando como algumas coisas pequeninas acabam por se transformar em algo muito maior. Lembro quando o Grupo Saint-Gobain nos convidou para participar de um projeto de formação e desenvolvimento das áreas comerciais das diversas empresas que compõem o conglomerado. O trabalho, que começou como uma ação de treinamento vem frutificando e ramificando. Hoje já registramos no nosso histórico de relacionamento diversos trabalhos de treinamento e consultoria conjuntos e temos orgulho de ter contribuído para que a Quartzolit (uma das joias da coroa do Grupo) tenha sido reconhecida como uma das melhores empresas para se trabalhar no Brasil.
 
Sei que o mundo corporativo é assim mesmo, mas não posso deixar de compartilhar com você os pensamentos que me vêm quando fico olhando o belo jardim da entrada da minha casa.

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