Marketing feminino
Texto extraído na íntegra do www.endeavor.org.br
*Por Marcos Morita
O dia 8 de março pode ser representado
por uma mulher emancipada, independente, realizada e madura, completando 35
anos de vida. A data, instituída em 1975 pela ONU, teve como objetivo lembrar
ao mundo suas lutas contra a violência e a discriminação. Apesar do avanço
inegável, alguns países parecem ainda estar em 1857, ano em que uma fábrica de
tecidos norte-americana foi incendiada para calar a voz de mais de 130 tecelãs
que reivindicavam melhores condições de trabalho e equiparação de salário com
os homens.
Felizmente não pertencemos mais a este
grupo, assim como as discussões entre as diferenças dos sexos já não são tão
acaloradas. Sabemos que os homens das cavernas partiam para caça, enquanto as
mulheres guardavam e zelavam a cria e o lar. Mesmo assim, protegemos e falamos
de maneira mais carinhosa com bebês vestidos de corde-rosa. Criamos filhos e
filhas com enfoques diferenciados. Homens têm cromossomos x e mulheres y.
Competitividade, excesso de confiança e espírito de aventura no primeiro caso.
Proteção, abrigo e nutrição no segundo. Talvez por isso meninos tenham
brincadeiras agressivas e competitivas, gostem de filmes de aventura e vídeo
games de ação, enquanto meninas brincam de papai e mamãe, adoram bonecas e se
deliciam com filmes românticos.
A mulher utiliza os dois lados do
cérebro ao invés do direito apenas. Há também mais conexões através dos
dendritos, possibilitando maior capacidade de pensar holisticamente e expressar
suas emoções. Tente discutir com sua esposa ou namorada e comprove o número de
palavras por minuto, as histórias resgatadas do fundo do baú e a facilidade em
transformar sentimentos em lágrimas.
Com o crescimento do poder de compra, as
mulheres não mais influenciam as decisões nas unidades familiares. Preferem ir
direto ao consumo. Carros e apartamentos substituíram roupas, compras de
supermercado e educação dos filhos. Perdidas estão as empresas e profissionais
de marketing que ainda tratam as mulheres como um mercado em ascensão. Hoje
elas são o mercado.
Há ainda alguns nichos que podem ser
explorados. O advento da internet, a queda brutal nos custos das comunicações e
a globalização, possibilitaram que grupos anteriormente excluídos pelas
empresas pudessem se tornar comercialmente interessantes. O pesquisador
americano Mark Penn utilizou o termo microtendências para defini-los.
Segundo Penn, microtendências são
pequenas forças imperceptíveis que podem envolver até 1% da população, moldando
a sociedade de forma irreversível.
Considerando uma população de
aproximadamente 100 milhões de brasileiras, teríamos um mercado nada
desprezível de um milhão de consumidoras esperando para terem suas necessidades
atendidas. Vejamos algumas.
Solteiras demais: creio que já tenha
discutido com sua esposa ou família, o fato de alguma prima ou conhecida ter
ficado para a titia. Inteligentes, bonitas e com bons empregos, seriam
partidões caso tivessem nascidos com outro cromossomo. O comportamento
agressivo na juventude e os casais homossexuais em maior número pendem a
balança para o lado das mulheres.
Tigresas: apesar do ar de reprovação de
algumas pessoas, é fato que o número de mulheres mais velhas namorando homens
mais jovens vem aumentando. Artistas e socialites cujas vidas são
escarafunchadas são os exemplos mais visíveis. A independência financeira e
sexual conquistada pelas gerações anteriores tem feito que mulheres maduras
optem pelo divórcio.
Mulheres prolixas: as mulheres têm
demonstrado aptidão em áreas que exigem o uso da palavra escrita ou oral.
Algumas profissões estão se tornando redutos femininos.
Cursos de jornalismo, direito e
propaganda são bons exemplos. Apresentadoras, advogadas, juízas, deputadas,
prefeitas, governadoras e quem sabe até a próxima presidenta, comprovam o
sucesso feminino quando o assunto são palavras.
Utilizaria o termo oportunidade caso
tivesse que resumir esta data em apenas uma palavra. Os especialistas em
mulheres e seus comportamentos de compra têm hoje apenas uma foto do presente e
a história escrita do passado. As microtendências provam que ainda há muito a
avançar neste intrincado terreno que é o cérebro feminino. Mãos à obra, homens!
*Marcos Morita é mestre em
Administração de Empresas e professor da
Universidade Mackenzie.
Especialista em estratégias empresariais, é colunista, palestrante e consultor
de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas
multinacionais.
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